Foco, abertura de lente, iluminação, enquadramento... Esses são algumas das novas preocupações dos alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental Castro Alves. Concentrados nos ensinamentos do “professor” Marcos Borba, eles iniciam seus primeiros contatos com a produção audiovisual. Mas nada como colocar a teoria em prática. Depois das lições em sala de aula, eles manuseiam uma câmera de vídeo profissional pela primeira vez para retratar histórias do local onde vivem: a Vila Oliveira.Essa atividade faz parte do Projeto Olhares da Comunidade, promovida pela TV OVO, associação de oficinas de vídeo que há 15 anos atua em Santa Maria. Até o final do ano, além da Castro Alves, haverá oficinas audiovisuais em mais duas escolas municipais: Hylda Vasconcellos, no bairro Menino Deus, e Júlio Canto, em Camobi. Em cada instituição, haverá 24 encontros com os estudantes. O resultado serão três documentários em cada escola, com roteiro, produção e gravação dos próprios alunos participantes do projeto. A TV OVO trabalha com a formação de jovens e realiza atividades com caráter comunitário.
– As oficinas elevam o sentimento de vivência, de realmente pertencerem à comunidade onde estes jovens moram. O objetivo é também fazer com que eles se tornem mais participativos e valorizem o local onde vivem. E, claro, aprendam as técnicas de vídeo. A gente percebe que a visão deles em relação aos assuntos da comunidade também se amplia. Hoje, eles já gravam vídeos com celular, câmera digital fotográfica, estão ligados nas redes sociais, o que vem a somar na oficina – explica Marcos, coordenador de produção da TV OVO.Primeiro contato – Há 15 anos, com uma câmera na mão e muitas ideias na cabeça, o bancário Paulo Tavares iniciou uma oficina de vídeo, junto da Associação Comunitária da Vila Caramelo. Pela primeira, alguns jovens entravam em contato com a produção de vídeo ao retratar o cotidiano do bairro. Sem interromper as atividades de oficinas audiovisuais em comunidades, a TV OVO é mantida por aqueles primeiros aprendizes da Vila Caramelo, que seguem com o mesmo desejo de multiplicar o conhecimento.
Financiado pela Lei de Incentivo à Cultura (LIC) de Santa Maria, o Projeto Olhares da Comunidade possibilita que garotas como Bruna Flores da Costa, de 12 anos, agreguem experiências para suas formações e, quem sabe, até para suas futuras profissões.– Quero fazer Jornalismo. Gosto de vídeo, gosto de filmar rodeios que participo, festas de família e até vídeos meus com coisas engraçadas que me acontecem. Com essa oficina, a gente tem a possibilidade de mostrar para as pessoas como a Vila Oliveira é um lugar bom de morar – comenta Bruna, aluna do 8º ano e fã de animações.
A curiosidade pelo audiovisual foi o que levou a aluna do 9º ano Taciane Cezar Ferreira, 13 anos, a participar:
– No começo, é meio difícil, mas eles explicam bem direitinho. Eles apresentaram alguns documentários, e fiquei curiosa para aprender a mexer com câmera e fazer vídeos. Eu gosto de filmes de terror, então é a primeira vez que vejo e trabalho com documentários. Acho importante para a conscientização com o nosso patrimônio.
nicholas.fonseca@diariosm.com.br
Fotos: Ronald Mendes
Diário de Santa Maria, 06/06/2011, N° 2837
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